"A cirurgia estética íntima ou reconstrutiva, engloba uma série de procedimentos cirúrgicos que visam devolver a qualidade de vida a mulheres que têm dores e limitações com a intimidade, permitindo a recuperação da sua autoestima e o prazer e confiança no momento do ato sexual"

Nas últimas décadas tem existido um interesse crescente pela busca do padrão de beleza ideal, e a anatomia genital não foge a esta regra, o que tem impulsionado a procura da cirurgia estética íntima.

A cirurgia estética íntima ou reconstrutiva, engloba uma série de procedimentos cirúrgicos que visam devolver a qualidade de vida a mulheres que têm dores e limitações com a intimidade, permitindo a recuperação da sua autoestima e o prazer e confiança no momento do ato sexual.

De entre os procedimentos mais comuns realizados pela cirurgia estética íntima destacam-se a correção da hipertrofia dos lábios vaginais, do alargamento do canal vaginal, o escurecimento da mucosa vaginal, a estética do monte púbico, a himenoplastia (“recuperação” da virgindade), e as intervenções sobre o Ponto G ou a nível clitoriano.

É ainda possível além da componente estética que reveste a maioria das técnicas, recuperar a funcionalidade vaginal através da correção de cicatrizes pós-parto ou de prolapsos vaginais, mais frequentes na fase pós-menopausa.

A perceção visual da mulher ou a insatisfação pela aparência, tamanho ou simetria, pode ter um forte impacto funcional ou psicológico e manifestar-se através de uma panóplia de sintomas como a dor crónica, irritação, dificuldade em higienizar a região, interferência durante as relações sexuais, sendo que na maioria dos casos, a estética e o incómodo psicológico durante a exposição ao parceiro e na relação sexual é a motivação para a cirurgia.

Na verdade, o prolongamento destas situações pode desencadear disfunções sexuais e distúrbios psicológicos graves e, em casos extremos, levar mesmo à abstinência sexual.

Porém, polir a autoestima através da correção cirúrgica requer por parte da mulher o atingimento da maturidade física, sexual e emocional, e do profissional um domínio da técnica cirúrgica, apesar de serem procedimentos pouco invasivos, que são realizados normalmente com anestesia local e sem internamento.

A recuperação total é em cerca de 10 dias e o tempo médio sem relações sexuais não ultrapassa as 4 semanas. A cirurgia estética íntima não possui contraindicações, no entanto, como em qualquer cirurgia, doenças crónicas, como diabetes, hipertensão e insuficiência cardíaca, requerem uma estabilização prévia destas patologias e um acompanhamento multidisciplinar, a fim de evitar complicações durante o procedimento cirúrgico e no pós-operatório. O profissional mais qualificado para realizar esse tipo de procedimento é o médico ginecologista ou cirurgião plástico.

Em regra, existe uma ampla satisfação pelo resultado estético final, com o consequente incremento na gratificação sexual, através da melhoria da autoestima e consequentemente em termos funcionais. Ainda assim, existe a possibilidade da mulher não ficar totalmente satisfeita com o resultado da cirurgia, ou porque não existe um ajuste das expectativas aos traços anatómicos específicos de cada corpo ou porque não se tem em conta que a sexualidade se reveste de uma complexidade, que vai muito além da anatomia genital.

Dra. Susana Mineiro, ginecologista Clínica Ibérico Nogueira