A acne é uma doença inflamatória, multifatorial, com origem nas glândulas sebáceas e folículos pilosos. Apesar de habitualmente ser associada aos adolescentes, diversos estudos demonstram que os adultos com mais de 25 anos também são afetados, particularmente as mulheres. Estima-se que mais de 40% das mulheres adultas tenham acne.

A evolução clínica permite-nos distinguir três subtipos de acne da mulher adulta:

Subtipo persistente, um continuum da acne da adolescência e que corresponde ao subtipo mais frequente.
Subtipo de início tardio, que surge após os 25 anos em mulheres que não tiveram acne previamente.
Subtipo recidivante, nos casos em que as mulheres tiveram acne juvenil que desapareceu durante alguns anos e voltam a ter acne na idade adulta.
Comparativamente à acne juvenil, esta apresenta ainda algumas diferenças: as lesões localizam-se preferencialmente na porção inferior da face e pescoço (zona U: mandíbula, queixo e região perioral) e um há predomínio de lesões inflamatórias (borbulhas) face aos pontos negros que podem estar ausentes na mulher adulta.

Apesar da acne da mulher adulta não ter uma causa óbvia conhecida, alguns fatores desencadeantes ou de agravamento já foram identificados:

Fatores hormonais: aproximadamente 80% das mulheres sente um agravamento da acne antes da menstruação. É também frequente o agravamento com a toma de progestagénios (ex: implantes subcutâneos que libertam progesterona). Apesar de a acne poder indiciar uma patologia hormonal subjacente, esta situação é rara na acne da mulher adulta. A maioria das mulheres adultas com acne não tem alterações hormonais detetáveis nas análises sanguíneas, pelo que, na ausência de outros sintomas sugestivos de desequilíbrios hormonais (irregularidades menstruais, alopécia, pilosidade excessiva) estas não acrescentam valor.
Predisposição genética: 50% das doentes com acne na idade adulta têm história familiar de acne num familiar de primeiro grau.
Resistência bacteriana: o curso arrastado da acne e uso prolongado de antibióticos tópicos e orais contribuem para a ativação crónica do sistema imunitário na pele e consequente inflamação.
Cosméticos: é sabido que o uso de produtos oclusivos favorece o aparecimento das lesões; deve discutir com o seu dermatologista todos os tópicos a utilizar, devendo preferir cosméticos oil-free ou não comedogénicos.
Stress e tabaco: o stress é responsável pela produção de alguns mediadores que atuam nas glândulas sebáceas, aumentando a produção de sebo; a acne é mais prevalente nas mulheres fumadoras e a propensão para formas mais graves é maior.
Quanto ao tratamento, as especificidades e necessidades individuais de cada paciente devem ser tidas em consideração. A acne da mulher adulta tende a ser mais refratária ao tratamento e a pele destas doentes, devido à sua maior sensibilidade, tem maior predisposição para a irritação. As rugas, manchas e cicatrizes também deverão ser abordadas conjuntamente com alguns tratamentos complementares (ex: peelings, LASER, toxina botulínica, preenchimentos). O desejo de engravidar (ou uma eventual gravidez) e o importante impacto psicossocial da acne também deverão ser ponderados aquando do traçado do plano de tratamento.

O médico dermatologista é o profissional mais preparado para a ajudar. Combater a acne é uma questão de saúde: vamos a esta batalha!

Vasco Coelho Macias, dermatologista da Clínica Ibérico Nogueira.Av. Torre de Belém 17, 1400-342 Lisboa

21 393 2810